Em dezembro de 2014, referiu-se às "enfermidades" que afetam a Cúria, como "o alzheimer espiritual", "a fossilização mental" e "a corrupção dos costumes".
Em dezembro de 2015, se mostrou mais conciliador sugerindo "antibióticos" para essas enfermidades, como "as virtudes necessárias" e "a honestidade".
Em seu discurso este ano, o papa argentino citou 12 critérios para guiar a reforma que pretende. Entre eles, figura o "catolicismo da Igreja", no sentido de sua universalidade, o que implica a promoção de "um pessoal proveniente do mundo inteiro, que inclua diáconos permanentes e fieis laicos, homens e mulheres, em particular nos dicastérios (ministérios) onde podem ser mais competentes" que os sacerdotes.
"É de uma grande importância valorizar o papel das mulheres e dos laicos na Igreja e sua integração nos papeis motrizes dos dicastérios", insistiu Francisco em um longo discurso.
Até o momento, todos os chefes dos ministérios, incluindo os recentemente designados pelo pontífice, são eclesiásticos.
A Cúria romana, essencialmente masculina, conta no momento com duas italianas em postos de responsabilidade, uma religiosa subsecretária da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e uma laica como subsecretária do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz.
Fazendo um balanço de todas as medidas adotadas desde o início de pontificado, o papa enfatizou a seriedade da reforma, que deve ser acompanhada de "uma mudança de mentalidade".
Para o papa, não é suficiente mudar o pessoal, e sim "que os membros da Cúria se renovem espiritual, humana e profissionalmente".
O pontífice também destacou os diferentes tipos de "resistência" que a reforma enfrenta, mas acrescentou que algumas delas podem ser positivas.
Disse, no entanto, que as "resistências ocultas" nascem nos "corações petrificados", alimentados por palavras vazias de quem se diz disposto à mudança, mas quer que tudo fique como antes.
Falou também das "resistências maliciosas", que "germinam em mentes deformadas e ocorrem quando o demônio inspira más intenções".
O papa não falou abertamente de uma recente carta explosiva de quatro cardeais expressando dúvidas sobre seu texto-guia sobre a família. Um dos cardeais, o americano Raymond Burke, se mostrou particularmente incisivo ao dizer que poderia pedir ao papa que "corrigisse seu erro".
Ao final de seu discurso, o papa entregou a todos o mesmo presente de Natal, um livro escrito por um jesuíta no século XVI intitulado "Sanar as enfermidades da alma".
Para explicar o presente, o papa citou uma conversa com um cardeal contrário a reformas, o alemão Walter Brandmüller, que havia sugerido o nome do autor do livro quando Francisco enumerou "enfermidades da Cúria".
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