quarta-feira, 6 de julho de 2016

Iraque em luto após atentado do EI que matou 215 pessoas em Bagdá

Trata-se de um dos ataques mais graves na história do Iraque, um país que sofre há muitos anos com atentados contra locais de grande público, como centros comerciais, mercados, ou mesquitas.
Amigos e parentes choram durante funeral de Akram Hadi, de 24 anos, que morreu no atentado em Bagdá, no Iraque (Foto: Karim Kadim/AP)O atentado deixou mais uma vez em evidência a incapacidade do governo iraquiano de aplicar medidas de segurança eficazes.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, que visitou o local do ataque no domingo, decretou luto nacional de três dias e prometeu "punir" os responsáveis.
O atentado foi executado por um combatente do EI que detonou um carro-bomba em uma rua do bairro comercial de Karrada. O local estava lotado, com pessoas que faziam compras para a festa que marca o fim do Ramadã, o mês do jejum muçulmano.Amigos e parentes prestaram homenagem à vítima de atentado (Foto: Sabah Arar/AFP)
O atentado também deixou mais de 200 feridos, informou o governo. O balanço aumentou consideravelmente, porque a explosão provocou incêndios em prédios e lojas próximas.Hussein Ali, um ex-soldado de 24 anos, contou à AFP que seis funcionários de uma loja que pertence a sua família morreram no atentado.
"Vou voltar ao campo de batalha. Ao menos lá eu sei quem é o inimigo e posso combatê-lo. Mas aqui não sei contra o que tenho que lutar", disse.
Extremistas sob pressão no Iraque
Em nota, o grupo relatou que um homem-bomba iraquiano atacou os xiitas, a comunidade muçulmana majoritária no Iraque considerada herege pelos radicais sunitas.
O ataque também demonstra que o EI tem a capacidade de cometer ações devastadoras em pleno centro de Bagdá, apesar das derrotas militares sofridas no Iraque nos últimos meses, com a perda de cidades como Tikrit, Ramadi e, sobretudo, Faluja, que foi reconquistada em junho pelas forças iraquianas.
Criticado por ser incapaz de proteger os civis, o primeiro-ministro Al-Abadi anunciou no domingo (3) uma mudança nas medidas de segurança, entre elas a retirada dos detectores de explosivos considerados ineficazes.
Também ordenou ao Ministério do Interior que acelere a mobilização de um dispositivo para inspecionar veículos em todas as entradas de Bagdá, por onde passam a cada dia milhares de caminhões e carros particulares.
No domingo, os habitantes de Bagdá demonstraram sua revolta, atirando pedras na direção do comboio de Al-Abadi, que disse compreender os "sentimentos de emoção, tristeza e raiva".
"Juro por Deus, este governo é um fracasso", afirmou uma mulher que perdeu seu apartamento na explosão.
"Se as táticas [do EI] evoluem, por que o governo mantém a mesma estratégia?", questionou um morador, citando como exemplo os pontos de controle e os detectores de explosivos que se mostraram ineficazes.
Diversos funerais foram realizados na região de Bagdá após atentado deixar dezenas de mortos (Foto: Haidar Hamdani/AFP)Diversos funerais foram realizados na região de Bagdá após atentado deixar dezenas de mortos (Foto: Haidar Hamdani/AFP)
No lugar do atentado, os moradores do bairro acendiam velas em homenagem às vítimas, enquanto outros varriam as ruas cheias de cinzas, na esperança de encontrar desaparecidos.
O atentado de Bagdá foi condenado pela comunidade internacional, incluindo o enviado da ONU para o Iraque, Jan Kubich, que o chamou de "ato covarde e hediondo de proporções sem precedentes".
"O ataque não faz mais que reforçar nossa determinação de apoiar as forças de segurança iraquianas", afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Ned Price.
Washington lidera a coalizão internacional que realiza diariamente ataques aéreos contra posições do EI. Essa ofensiva permitiu às forças iraquianas retomar parte dos territórios perdidos em 2014 e avançar até Mossul, a segunda maior cidade do país e último grande reduto do EI.
Os extremistas também estão sob pressão na Síria, onde perdem terreno no norte e leste, mas ainda conservam importantes territórios como a cidade de Raqa, que virou a "capital" do EI.

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