Na manhã desta quarta-feira (9), o Conselho de Ética retoma o processo de cassação do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha.
Já teve de tudo para barrar esse processo contra Cunha, manobras e até suspeita de fraude. A suspeita é de falsificação de uma assinatura de um dos deputados, aliás um aliado de Eduardo Cunha. Isso tudo vai ser assunto na reunião do Conselho de Ética, que agora foi atropelado por mais um recurso do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, dessa vez, na comissão de Constituição e Justiça.
'Para tudo'. Na prática foi isso que o presidente Eduardo Cunha pediu. Que a investigação contra ele na Câmara não siga. Em 54 páginas o advogado contesta a escolha do relator, a atuação do presidente do Conselho de Ética, diz que houve problemas no andamento do processo, fala em desgaste diário e em açodamento dos trabalhos. Isso de uma denúncia que chegou há cinco meses.
“Eu não estou protelando, eu estou querendo, buscando sempre meus direitos, isso é normal”, disse o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha.
Normal coisa nenhuma, disse o relator. Que nega irregularidades no andamento do processo no Conselho de Ética. “O que nós temos aqui, não é ampla defesa, não é contraditório, é tentativa de trancamento de ação de investigação”, afirma o deputado Marcos Rogério, relator do processo.
A comissão de Constituição e Justiça, onde o presidente da Câmara entrou com o recurso, é a mais importante da Casa. Mas não é por acaso que ela está com a porta fechada. É que ela ainda nem foi instalada esse ano. A previsão é para a segunda quinzena de março.
Diante de tudo isso, está difícil achar alguém que agora arrisque um prazo para acabar esse processo que investiga se Cunha mentiu porque falou a parlamentares que não tinha contas no exterior. Cunha questiona de um lado. E o presidente do Conselho de Ética de outro. Lembra daquele deputado que definiu assim o Conselho de Ética? “É uma suruba isso aqui.”
Vinícius Gurgel, do PR. Ele renunciou a cadeira no Conselho, no dia da votação para decidir o futuro das investigações. Disse que não conseguiria aparecer porque estava doente. No lugar entrou o líder do partido dele que garantiu um voto a favor de Cunha, para arquivar o processo. Mas foi uma renúncia por um dia, o que não é comum.
A estranheza de deputados do Conselho é que se Vinícius Gurgel não estava em Brasilia, como entregou uma renúncia assinada? Por telefone, o deputado Vinícius Gurgel disse que a assinatura é mesmo dele, que deixa assinados papeis em branco para imprevistos, e admitiu que na véspera da assinatura, estava com pressa e tinha bebido. O Conselho de Ética tem reunião marcada para a manhã desta quarta-feira (9).
O jornal Folha de São Paulo encomendou dois laudos grafotécnicos que dizem que a assinatura do deputado Vinícius Gurgel é uma falsificação grosseira e primária.
A Secretaria-Geral da Câmara disse que assinaturas são checadas e que não há suspeita nesse caso. O deputado Vinícius Gurgel disse ainda que está havendo uma perseguição. E que com o voto dele ou não, Cunha perdeu a votação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário