sábado, 12 de dezembro de 2015

Mulheres sauditas estreiam como eleitoras e candidatas em eleição municipal

País onde o regime monárquico ultraconservador islâmico impõe uma série de restrições às mulheres — que não conseguem punições efetivas na Justiça contra a violência doméstica e sexual e são proibidas até de dirigir — a Arábia Saudita, pela primeira vez na História, permitirá às cidadãs votar hoje nas eleições municipais. A conquista ainda é modesta, já que apenas pouco mais de 130 mil mulheres se registraram — houve relatos de dificuldades burocráticas — enquanto mais de 1,35 milhão de homens vão às urnas.SAUDI ARABIA
Do ponto de vista das candidaturas, elas representam apenas 13% do total, ou cerca de 980 de 6.900 nomes que vão constar nas cédulas, na disputa pelos 3.100 cargos eletivos disponíveis. As próprias eleições municipais na Arábia Saudita são recentes, já que foi em 2005 que se realizou, pela primeira vez, esta votação, para Conselhos Municipais com pouco poder. As mudanças fazem parte do pequeno conjunto de reformas iniciadas pelo rei Abdullah, falecido no início de 2015, aos 91 anos, e que continuam sendo implementadas pelo sucessor, Salman, de 79.
— Alguém tem que abrir caminho — ressalta a professora de Ciências Karema Bokhary, 50 anos, ao jornal americano “The Washington Post”.
Com duas filhas já em idade para votar, uma de 18 anos, que pretende fazer Medicina, e a outra de 20, que já cursa Direito, Karema lançou-se candidata.
— Minhas filhas são testemunhas de uma nova forma de ser da mulher saudita. Agora dizemos: “Levanta e faz com que a sua voz seja ouvida.”
Mas, apesar de conseguirem participação na representatividade política pela primeira vez, o peso do regime ainda se faz sentir nas costas femininas, nestas eleições. As mulheres que se candidataram foram proibidas de pôr fotografias em cartazes de campanha, e não puderam sequer se dirigir aos eleitores do sexo masculino. E duas ativistas de direitos humanos, que estavam na corrida eleitoral, foram afastadas.
— Não consigo ganhar se não puder falar com os homens — reclamou, ao “New York Times”, Nassima al-Sadah, uma das candidatas.

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