Às vésperas da votação no Conselho de Ética, marcada para esta terça-feira, o presidente da Câmara diz que Planalto está conspirando contra ele e ameaça detonar processo de impeachment de Dilma.
Deputados apontam para um cenário dividido no colegiado, que tem 21 titulares. Para que o processo avance, é necessária maioria simples (metade mais um) dos votos. Aliados do peemedebista sofrem pressão para tentar barrar a continuidade. Não é mais possível pedir vista, porque o recurso foi usado na última sessão, mas há possibilidade de tentar atrasar a reunião até que se inicie a ordem do dia em plenário, o que impossibilita votações em comissões. Se o parecer for aprovado, o Conselho notifica o acusado e se inicia o prazo de 10 dias para defesa. O colegiado tem até 90 dias úteis para encerrar o processo, contados a partir da instauração. Diante da suspeita de beneficiar o BTG e da multa de R$ 22,3 mil estipulada pela Justiça suíça a Cunha por tentar impedir que os extratos de suas contas fossem enviadas ao Brasil, os seis partidos de oposição (PSDB, PPS, DEM, PSB, PSOL e Rede) se reúnem na manhã de hoje para definir uma estratégia. Uma opção é apresentar um aditivo à representação existente contra Cunha no Conselho, mas, para isso, é necessário que avancem as investigações relacionadas ao BTG. Outra possibilidade é apresentar um novo pedido no colegiado.
O PSOL consulta economistas sobre a justificativa apresentada por Cunha, para quem a emenda era contrária aos interesses dos bancos. “Pode se ter criado uma dificuldade para vender uma facilidade”, alerta o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Documento encontrado na casa do chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira relacionaria Cunha e outros parlamentares com o recebimento de valores em troca de emenda favorável ao banco de André Esteves na MP 608/2013. Tanto o banqueiro quanto o senador e seu funcionário foram presos na quarta-feira acusados de obstruir as investigações da operação Lava-Jato.
Cunha negou com veemência a acusação, que classificou como armação do governo, acusando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. As duas emendas apresentadas por ele foram rejeitadas pela comissão especial que tratou do tema, porém uma foi acolhida parcialmente no relatório final do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). De acordo com o peemedebista, o tucano introduziu artigo que estabeleceu que o texto trataria de créditos para bancos que entrassem em liquidação a partir de 1º de janeiro de 2014, já a emenda dele excluía essa categoria.
“A minha emenda era contrária ao interesse que está sendo divulgado. A minha emenda é justamente contra o aproveitamento de créditos por bancos em liquidação”, disse. O presidente da Câmara negou conhecer Diogo Ferreira e admitiu ter contato com Esteves, cujo banco é um dos doares de campanha de Cunha, mas disse “não ter condições” de dizer se o encontrou durante a tramitação da MP. Ele alegou ainda que não há multa da Justiça Suíça, apenas custas do processo, devido a não reconhecimento de recurso. O BTG também nega que tenha havido pagamentos.
Já Michel Temer negou que Cunha tenha falado em armação durante o almoço dessa segunda-feira.
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