sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Mulher bloqueada do Facebook por se chamar Isis foi vítima de sexismo

A engenheira Isis Anchalee, que teve seu perfil no Facebook bloqueado pelo fato de seu nome coincidir com a sigla em inglês para Estado Islâmico, foi vítima de outro preconceito em julho deste ano.
Campanha publicitária estrelada por Isis Anchalee foi criticada nas redes sociais. O motivo? Ela 'não tem cara de engenheira' (Foto: Divulgação/Isis Anchalee)a época, Isis participou de uma campanha publicitária da empresa em que trabalha, que dizia: "Minha equipe é ótima. Todos são inteligentes, criativos e hilários". Após o anúncio ser veiculado no metrô de San Francisco (EUA), porém, a imagem repercutiu negativamente nas redes sociais. O motivo? Isis supostamente "não tem cara de engenheira" e o anúncio, na verdade, usa a beleza da engenheira para atrair homens.
"Algumas pessoas acham que eu não fiz 'a cara certa'. Outras pensam que é inacreditável que 'uma engenheira seja assim'", diz Isis em um texto postado no site Medium. "Manchete: essa não é de forma alguma uma tentativa de rotular 'com o que as engenheiras se parecem'. Essa é literalmente EU, um exemplo de UMA engenheira. Era para a campanha ser autêntica. Minhas palavras, meu rosto, e até onde eu sei ela é".
Isis aproveitou o espaço para comentar o sexismo latente da indústria de tecnologia. "Um homem atirou notas de dólares dentro de um escritório. Um engenheiro me mandou mensagem pedindo explicitamente para termos uma 'amizade colorida' enquanto eu fazia uma entrevista na escola em que ele trabalhava".
"A cultura dessa indústria alimenta uma falta de sensibilidade inconsciente contra aqueles que não se encaixam em um certo perfil. Tenho certeza que toda mulher e pessoa que não se identifica como homem, e trabalha nessa área, tem uma longa lista de ofensas pessoais que precisou tolerar".
Por causa da repercussão do anúncio, Isis também criou uma campanha chamada "I look an engineer" (Eu me pareço com um engenheiro).
Isis Anchalee, que teve sua conta no Facebook bloqueada por seu nome coincidir com a sigla para Estado Islâmico, também já sofreu preconceito por ser engenheira (Foto: Divulgação/Isis Anchalee)Repercussão negativa sobre anúncio fez com que Isis criasse campanha 'Eu tenho cara de engenheiro' (Foto: Divulgação/Isis Anchalee)
Bloqueada do Facebook
Depois de ter seu acesso barrado ao Facebook mesmo após comprovar sua identidade, Isis desabafou nesta terça-feira (17) no Twitter: "Facebook acha que eu sou terrorista".
A engenheira trabalha em San Francisco, cidade que também é sede da rede social, e também é conselheira da entidade Women Who Code, voltada à promoção da maior inclusão das mulheres em empresas de tecnologia.
Recentemente, o Estado Islâmico (EI ou Isis) assumiu dois grandes ataques terroristas, a queda do avião da companhia aérea russa Metrojet e dos atentados à cidade de Paris. As duas tragédias deixaram 224 e 129 pessoas mortas, respectivamente.
Após ter sua conta no Facebook bloqueada, ela enviou por duas vezes cópias de seu passaporte. O objetivo era comprovar de que se tratava de uma pessoa real e que usava o nome verdadeiro, e não se tratava de um perfil destinado a propagandear as ideias do grupo jihadista.
Como não conseguiu sequer uma resposta da rede social, Isis resolveu contatar a empresa pelo Twitter. "Facebook, porque vocês desabilitaram minha conta pessoal? Meu nome real é Isis Anchalee", escreveu na segunda-feira (16).
Como não obteve resultado nem foi respondida pela empresa, ela voltou à carga no dia seguinte. "Facebook acha que eu sou terrorista. Aparentemente, enviar a eles uma cópia do meu passaporte não é bom suficiente para eles reabrirem minha conta".
Depois de fazer o envio pela terceira vez, a engenheira foi contatada por Omid Farivar, um pesquisador do Facebook. "Isis, desculpa por isso. Eu não sei o que aconteceu. Eu reportei isso às pessoas certas e nós estamos trabalhando para consertar isso", afirmou, no Twitter.
Farivar não só se desculpou como disse que o assunto estava resolvido. "Atualização: sua conta deve voltar. Desculpas novamente".
O incidente não foi o único vivenciado por Isis. Ela reclamou que motoristas do Uber e do Lyft, dois sistemas alternativos de transporte, vivem perguntando sobre a origem de seu nome.

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