Segundo o juiz Sérgio Moro, existem provas da ligação de José Carlos Bumlai com um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que envolve o Partido dos Trabalhadores e dirigentes da Petrobras.
José Carlos Bumlai chegou a Curitiba no início da tarde de terça-feira (24) e agora fica preso por tempo indeterminado. O foco do juiz Sérgio Moro foi o empréstimo de R$ 12 milhões que Bumlai tomou no Banco Schahin. Segundo os investigadores, esse empréstimo seria para pagar uma dívida de campanha de reeleição do presidente Lula, em 2006.
“O que nós temos claramente: houve um telefonema de José Dirceu ao então presidente do banco, Salin Schahin, para mostrar-se como o responsável por esse empréstimo”, diz o procurador da República Carlos Fernando Lima.
O juiz Sérgio Moro levou em conta três delações premiadas. Uma delas é de Salin Schahin, um dos acionistas do grupo. Ele contou que Bumlai disse que tomaria o empréstimo em nome do PT, que o então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, participou das negociações e que Bumlai e Delúbio Soares informaram que, como evidência adicional, a Casa Civil procuraria um dos acionistas do Banco Schahin. Schahin. Dias depois, ele recebeu um telefonema do então ministro da Casa Civil, José Dirceu.
O empréstimo acabou saindo, mas não foi pago. Salin Schahin contou que, depois de uma longa negociação, ficou acertado com o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que a dívida seria honrada em troca de um contrato com a Petrobras para operar o navio Sonda Vitória Dez Mil.
Na delação, Schahin afirmou que ouviu de duas pessoas que Lula estava a par do negócio. Os investigadores dizem que, para simular o pagamento do empréstimo, Bumlai fez um contrato falso de venda de embriões de gado. Parte das informações de Schahin já tinha sido denunciada em outras duas delações: a do ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e a do lobista Fernando Baiano.
Baiano disse que participou das negociações e que Bumlai afirmou que iria acionar os contatos de José Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras, e do presidente Lula.
De acordo com o juiz Sérgio Moro, existem provas de envolvimento de Bumlai em corrupção mediante vantagem indevida, concedida aos dirigentes da Petrobras, a ele mesmo e ao PT.
A Polícia Federal também quer investigar empréstimos do BNDES de mais de R$ 500 milhões para pelo menos duas empresas da família de José Carlos Bumlai. Um desses empréstimos foi para a São Fernando Açúcar e Álcool, que já estava inativa, segundo a Receita. Os investigadores querem saber como essas empresas conseguiram tanto dinheiro e onde ele foi parar.
“Essa série de empréstimos gerou recursos ou gerou valores que forma transferidos a várias pessoas, e a várias pessoas jurídicas e físicas, numa intrincada movimentação que ainda merece maior aprofundamento, bem maior aprofundamento para a verificação dos reais beneficiários finais”, afirma o auditor da Receita Federal Roberto de Oliveira Lima.
A defesa do banco Schahin confirmou que o empréstimo de José Carlos Bumlai não foi pago e afirmou que o negócio com a Petrobras foi realizado de acordo com todas as exigências, sem sobrepreço.
O Instituto Lula e o Partido dos Trabalhadores não quiseram se manifestar.
A defesa de José Dirceu afirmou que ele nunca fez qualquer intermediação com a Schahin para empréstimos diretos ou indiretos ao PT ou pra contratos com a Petrobras.
O advogado de Fernando Soares disse que ele reafirma o conteúdo da delação premiada.
A defesa de João Vaccari disse que as delações não são verdadeiras e não representam provas.
O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli negou qualquer favorecimento à Schahin, disse que as delações não apresentaram provas contra ele e que já explicou as contratações num depoimento ao juiz Sérgio Moro .
O Jornal Nacional não conseguiu contato com os advogados de Eduardo Musa e de Delúbio Soares.
A defesa de José Carlos Bumlai disse nesta terça (24) que ele está calmo e sereno, e que vai aguardar mais detalhes da investigação antes de falar sobre as suspeitas.
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