quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Deputados do PSDB oficializam pedido de afastamento de Cunha

A bancada do PSDB se posicionou oficialmente a favor do afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nesta quarta-feira (11). A líderança do partido considerou "fraca" a defesa do peemedebista com relação a origem do dinheiro em contas não-declaradas na Suíça.
O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, disse que o partido pede o afastamento de Cunha pelo fato de que as alegações dele foram inconsistentes diante das "provas fortes".
— Sentimento da bancada é de que as alegações apresentadas são insuficientes pra sustentar a defesa de Cunha. Ele certamente terá muitas dificuldades no Conselho de Ética.
A posição do PSDB é compartilhada por outras bancadas de oposição, como as do DEM e do PPS. Sampaio vai ler a nota "em posição unânime do partido" contra Cunha no Plenário da Câmara dos Deputados, ainda nesta quarta-feira.Quanto à cassação, os deputados dizem que ainda "querem analisar as provas no Conselho de Ética", afirmou o deputado Nelson Marchezan (PSDB-RS).
— Com relação às provas, elas são contundentes, mas enquanto integrante do Conselho de Ética, as provas serão analisadas de acordo com o conjunto probatório, e falta ai que o relator efetivamente apresente a aceitação da representação, e depois que o presidente Eduardo apresente sua defesa
.Cunha enfrenta um processo no Conselho de Ética da Câmara por suposta quebra de decoro parlamentar, ao ter declarado na CPI da Petrobras que não tinha contas no exterior. O PSDB conta com dois membros no colegiado, e com o novo posicionamento, ambos devem votar contra o presidente da Casa.
Até então, o PSDB negociava com Cunha pela abertura de processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff. A partir de agora, a tendência é a de que líderes do partido deixem de comparecer a almoços com o peemedebista na residência oficial do presidência da Câmara.
Sampaio afirma que o partido ainda persegue como prioridade o impeachment de Dilma. No entanto, mesmo que Cunha aceite o pedido para iniciar o processo, o líder afirma que o PSDB não mudará sua posição contra o presidente da Câmara.No dia 13 de outubro, o PSOL e a Rede Sustentabilidade protocolaram pedido de cassação do mandato de Cunha argumentando que ele mentiu durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras ao afirmar que não mantinha contas bancárias no exterior.
No entanto, a PGR (Procuradoria-Geral da República) confirmou a existência de ativos na Suíça em nome do deputado e de familiares dele. O valor total seria perto de US$ 5 milhões (pouco mais de R$ 20 milhões segundo a cotação atual do dólar). 
Em agosto, a PGR apresentou pedido de abertura de inquérito contra Cunha no STF (Supremo Tribunal Federal) por lavagem de dinheiro e corrupção passiva por suposto envolvimento nos crimes investigados pela Operação Lava Jato.
Em julho, o lobista Júlio Camargo afirmou que Cunha recebeu US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda da Petrobras. O valor foi confirmado em setembro durante delação premiada por Fernando Baiano, operador do PMDB (partido de Cunha) no esquema investigado na Operação Lava Jato. O parlamentar nega todas as acusações e diz estar sendo vítima de perseguição.
A bancada do PSDB na Câmara considera insuficientes as explicações apresentadas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em entrevistas no último final de semana, diante da contundência das denúncias e documentos já conhecidos sobre a existência de contas em seu nome e de familiares no exterior.
A bancada entende que, em qualquer hipótese definida pelo Conselho de Ética, a decisão final é do plenário da Câmara.
A bancada reafirma que seus representantes no Conselho de Ética têm o absoluto respeito de seus pares, bem como votarão de acordo com o rigor técnico exigido de um magistrado.
Reitera, de forma ainda mais veemente, posição firmada em nota emitida em outubro, logo depois do surgimento de documentos contra Cunha, oportunidade em que defendeu o seu afastamento da Presidência da Câmara face à gravidade das acusações.
Por fim, registra que, em nenhuma hipótese, a bancada do PSDB irá transigir com a ética exigida dos membros desta Casa, ainda que defenda uma causa nobre como é o impeachmente da presidente Dilma Rousseff.

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