Afundado no escândalo da Lava Jato, Eduardo Cunha assiste o bombardeio contra ele vir de todos os lados. A oposição, antes aliada nas ações contra o governo Dilma, agora cobra publicamente seu afastamento. Em outra frente, o PSOL irá protocolar nesta terça na Comissão de Ética da Câmara o pedido de saída do peemedebista.
O que muitos dos eleitores brasileiros talvez não saibam, no entanto, é que o atual presidente da Câmara carrega um currículo recheado de episódios ligados a denúncias de corrupção. Um histórico que teve início ainda na década de 90. A começar pela Telerj, a companhia telefônica do Rio de Janeiro, onde ocupou a presidência por indicação de PC Farias, tesoureiro do ex-presidente Collor. De lá, Cunha saiu sob a acusação de superfaturamento em licitações.
Na sequência, depois da sua primeira (e última) derrota eleitoral, em 1998, recebeu o amparo de políticos evangélicos, grupo ao qual se tornou próximo, e assumiu a Companhia Estadual de Habitação (Cehab). Com os problemas de gestão, deixou a empresa com nova acusação de desvio de dinheiro.
A ascensão na vida política coincidiu com o início dos problemas com a Receita Federal, como acontece agora. Ainda como deputado estadual, ele foi acusado de realizar movimentações financeiras incompatíveis com sua renda. De lá para cá, apareceu como citado no mensalão do PT e até envolvido na venda de uma casa a um traficante.
Apesar de graves, as denúncias, até então, não haviam afetado tão fortemente a imagem de Eduardo Cunha. Ele, por sua vez, tem insistido em dizer que não cogita renunciar à presidência da Câmara.
Para o cientista político da Universidade Federal de Juiz de Fora, Paulo Roberto Figueira Leal, é o momento político que sustenta Cunha. “Ele não caiu por uma série de acasos. Para a oposição, interessa mantê-lo porque ele é um desafeto do governo. E o Planalto não quer enfrentá-lo, com medo de desfalecer a base aliada. Não há qualquer dúvida de que alguém com o histórico dele já teria caído há muito tempo”, afirma.
Figueira aposta que a queda de Cunha é uma questão de tempo. O que ninguém sabe, porém, é o tamanho do estrago que ele irá provocar enquanto resistir.
Corregedoria
Partidos. Na última quarta-feira,29 deputados de sete partidos (PT, PSOL, PPS, Rede, PROS, PSB e PMDB) entregaram pedido à Corregedoria da Câmara para que as denúncias sejam investigadas.
Partidos. Na última quarta-feira,29 deputados de sete partidos (PT, PSOL, PPS, Rede, PROS, PSB e PMDB) entregaram pedido à Corregedoria da Câmara para que as denúncias sejam investigadas.
Outros casos
Por menos, outros presidentes da Câmara ou do Senado já caíram:
Severino Cavalcanti
2005: Renunciou após ser apontado como um dos beneficiários de um esquema de propina envolvendo um dos restaurantes da Câmara.
Renan Calheiros
2007: Denúncias que envolveram o pagamento de pensão a uma filha fora do casamento feito por um lobista levaram a seis representações no Conselho de Ética e à renúncia à presidência do Senado.
Por menos, outros presidentes da Câmara ou do Senado já caíram:
Severino Cavalcanti
2005: Renunciou após ser apontado como um dos beneficiários de um esquema de propina envolvendo um dos restaurantes da Câmara.
Renan Calheiros
2007: Denúncias que envolveram o pagamento de pensão a uma filha fora do casamento feito por um lobista levaram a seis representações no Conselho de Ética e à renúncia à presidência do Senado.
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