segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Merkel diz que chegada de refugiados mudará a Alemanha

A Alemanha anunciou nesta segunda-feira (7) que vai destinar 6 bilhões de euros para administrar o grande fluxo de migrantes, e sua chanceler, Angela Merkel, afirmou que o fluxo em massa de imigrantes mudará o país, prometendo trabalhar para que estas modificações sejam "positivas".
"O que vivemos agora é algo que seguirá nos ocupando pelos próximos anos, nos mudará, e queremos que a mudança seja positiva e pensamos que podemos conseguir isto", declarou Merkel.
Ao mesmo tempo, a França se comprometeu a receber 24 mil refugiados, do total de 120 mil que a Comissão Europeia deseja abrigar no continente, em uma Europa que se esforça para resolver a mais grave crise migratória em décadas.
Chanceler Angela Merkel fala em coletiva de imprensa sobre refugiados em Berlim (Foto: AFP)Chanceler Angela Merkel fala em coletiva de imprensa sobre refugiados em Berlim (Foto: AFP)
O Estado federal alemão aumentará o orçamento para as pessoas que solicitam asilo em três bilhões de euros (US$ 3,34 bilhões) e disponibilizará outros três bilhões para os Estados regionais e os municípios, responsáveis pelos alojamentos dos refugiados.
A distribuição detalhada do valor será definida em 24 de setembro, durante uma reunião de representantes do Estado federal e dos Estados regionais.
Comissão Europeia
A Comissão vai propor na quarta-feira (9) ao Parlamento Europeu a distribuição dos 120 mil refugiados nos próximos dois anos. A medida será adicionada à recepção de outros 40 mil migrantes anunciada em maio, que afetava apenas as pessoas que estavam na Itália e na Grécia.
A Comissão proporá a França, Alemanha e Espanha que recebam 71.305 solicitantes de asilo que entraram em países do bloco.
O organismo pedirá que a Alemanha receba 31.443 solicitantes de asilo que chegaram à Itália, Grécia e Hungria, ou seja 26,2%, a França 24.931 (20%) e a Espanha 14.931 (12,4%).
Desta forma, os três países receberão a maior parte dos refugiados. Mas a dimensão do problema é muito maior, pois a Alemanha espera receber 800 mil pedidos de asilo este ano, quatro vezes mas que no ano passado.
Emocionante e impactante
Merkel mencionou um fim de semana "emocionante e impactante", durante o qual chegaram a Alemanha quase 20 mil refugiados procedentes em sua maioria da Síria.
A chanceler comemorou o fato da Alemanha "ter se transformado em um país que as pessoas associam à esperança. É algo muito valioso se observarmos nossa história".
Ao mesmo tempo, Merkel fez um apelo por um "esforço da União Europeia".
"Alemanha, Áustria e Suécia não podem ser os únicos países que recebem refugiados", afirmou o vice-chanceler e ministro da Economia, o social-democrata Sigmar Gabriel, na mesma entrevista coletiva.
Merkel completou: "Não é possível dizer 'não tenho nada a ver com isto'. Mas acredito que a dinâmica do que acontece não ficará sem efeito".
A Alemanha recebe um número gigantesco de imigrantes em busca de uma vida melhor. O país prevê a entrada de 800 mil solicitantes de asilo este ano, contra 200 mil em 2014.
Nesta segunda-feira, um incêndio em um centro de refugiados em Bade-Wurtemberg, região sudoeste do país, deixou cinco feridos.
Fluxo incessante
O fluxo de migrantes não para de aumentar, em especial desde que Berlim decidiu não reenviar os sírios ao país pelo qual entraram na Europa.
Na manhã desta segunda-feira, um primeiro trem procedente de Salzburgo (Áustria), com 150 refugiados a bordo era esperado em Munique (sul da Alemanha).
A imprensa aponta que será muito difícil fazer um prognóstico sobre o número de migrantes que podem chegar ao país. Alguns jornais citaram a possibilidade de 10.000 pessoas apenas nesta segunda-feira.
Centenas de voluntários se reuniram nas estações ferroviárias da Alemanha para entregar água e comida aos refugiados, com cartazes com a frase "Refugees welcome!" ("Bem-vindos refugiados").
Também no Mediterrâneo continuam as chegadas de centenas de pessoas às ilhas gregas, procedentes da costa da Turquia.
No total, 2.600 refugiados e migrantes foram resgatados no mar pela Guarda Costeira da Grécia entre sexta-feira e segunda-feira, na primeira etapa de uma viagem até a Europa ocidental para dezenas de milhares de refugiados que entram no continente pela Turquia.
O primeiro-ministro turco Ahmed Davutoglu criticou o "ridículo" número de refugiados autorizados a entrar na União Europeia (UE), que definiu como uma "fortaleza cristã", quando a Turquia recebe mais de dois milhões de pessoas que fugiram das guerras na Síria e no Iraque.
Em uma entrevista, o ministro do Interior da Espanha, Jorge Fernández Díaz, defendeu o aumento das medidas de controle dos solicitantes de asilo procedentes da Síria, ante o temor de infiltração de membros do grupo Estado Islâmico (EI).
"A Espanha não vai negar o direito de asilo a ninguém", afirmou o ministro ao jornal conservador ABC.
"Mas temos que aumentar também os controles na hora de receber estas pessoas".
"A imensa maioria é de refugiados que fogem da guerra, do terror, mas não podemos esquecer que também existe o Daesh (o grupo Estado Islâmico), estes bárbaros que demonstraram que são capazes de cumprir suas ameaças", disse.
"Que dúvida existe de que, entre estas avalanches, podem infiltrar-se pessoas que não são refugiados", afirmou, antes de completar "E, além disso, é evidente que estas pessoas estão fugindo sobretudo da Síria, e ali o Daesh está implantado".

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