quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Atirador disse que matou jornalistas para vingar massacre de Charleston

(Reprodução de TV) A jornalista Alison Parker na entrevista ao vivo em que foi mortaO homem negro suspeito do assassinato de dois jornalistas nesta quarta-feira justificou o crime como uma vingança do recente massacre de fiéis negros, frequentadores de uma igreja em Charleston, na Carolina do Sul.
Uma repórter e um cinegrafista de uma emissora local da Virgínia, leste dos Estados Unidos, foram mortos a tiros quando faziam uma transmissão ao vivo, em um ataque filmado também pelo próprio atirador, que cometeu suicídio após difundi-lo nas redes sociais.
O suspeito, identificado como Vester Flanagan, também conhecido como Bryce Williams, de 41 anos, tinha atuado na WDBJ, emissora para a qual trabalhavam os jornalistas assassinados.
-Manifesto do agressor-
A emissora ABC News anunciou ter recebido um manifesto de 23 páginas duas horas após a morte dos jornalistas perto de Roanoke, Virgínia.
"O ataque a tiros na igreja foi o ponto crítico (...) mas a minha raiva estava aumentando continuamente... Tenho sido uma bomba humana há algum tempo... Só esperando para EXPLODIR!!!!"
No documento, que qualifica de aviso de "suicídio para amigos e familiares", ele se queixa de ter sido vítima de discriminação racial e assédio "por ser um homem gay negro", mas destaca que o ataque à igreja de Charleston (Carolina do Sul, leste) foi o que o levou a cometer os assassinatos.
Segundo as autoridades do condado de Franklin, Flanagan "morreu no hospital de Fairfax Inova, no norte da Virgínia, em decorrência de um ferimento a bala causado por ele mesmo".
Perseguido pela polícia, o veículo onde Flanagan estava saiu da estrada e bateu. O atirador chegou a ser detido e encaminhado para o hospital, onde veio a falecer.
"Policiais se aproximaram do veículo e encontraram o motorista sofrendo com um ferimento provocado por um tiro. Ele foi transportado para um hospital...", informou a polícia em um comunicado.
A repórter Alison Parker, de 24 anos, e o cinegrafista Adam Ward, de 27 anos, foram mortos a tiros enquanto realizavam uma entrevista ao vivo para a WDBJ em Roanoke, 385 km a sudoeste da capital Washington.
"Você envia pessoas para zonas de guerra e para situações perigosas, para confrontos e você se preocupa que elas vão se ferir", disse Jeffrey Marks, gerente do canal. "Aí você envia alguém para fazer uma matéria sobre turismo, e então isso - como você pode esperar que algo como isso aconteça"?
Parker estava falando com Vicki Gardner, chefe do Smith Mountain Lake Chamber of Commerce, em um terraço do Resort Bridgewater, na cidade de Moneta, perto de Roanoke, quando o ataque ocorreu.
As duas falavam sobre o desenvolvimento do turismo para a rede WDBJ na manhã desta quarta-feira quando o atirador se aproximou com uma arma em punho.
Diversos tiros foram ouvidos, assim como gritos, e a câmera de Ward caiu no chão, capturando uma imagem desfocada do atirador.
A transmissão voltou então ao estúdio. A apresentadora do telejornal ficou estarrecida, sem saber o que estava acontecendo.
Gardner ficou seriamente ferida, declarou um dos senadores da Virgínia, Tim Kaine.
Posteriormente, um vídeo publicado na conta do Twitter de @bryce-williams7 mostrou o atirador com uma arma apontando para Parker, que entrevistava uma mulher e não estava ciente de sua presença.
Ward estava de costas para o atirador e também não o viu se aproximar.
O atirador abaixa brevemente a câmera e então diversos tiros e gritos são ouvidos.
A mão do atirador fica claramente visível. Ele parece usar uma camisa xadrez azul.
A conta do Twitter @bryce_williams7 foi suspensa pouco depois.
"Eu estou entorpecido", declarou o namorado de Parker, o ancora da WDBJ, Chris Hurst, no Twitter.
"Estávamos juntos há quase nove meses. Foram os melhores nove meses de nossas vidas. Queríamos nos casar", afirmou.
A noiva de Ward, Melissa Ott, uma produtora da rede de televisão, estava na sala de controle quando o tiroteio ocorreu e assistiu a cena ao vivo, disse Marks.
Marks informou que o agressor havia trabalhado para a WDBJ e que há cerca de dois anos foi despedido.
Na conta de Twitter @bryce_williams7 foram feitos comentários antes da agressão, incluindo um que afirmava que "Alison fez comentários racistas" e que Ward tinha acusado Flanagan no departamento de recursos humanos.
Ao ser consultado sobre essas acusações, Marks disse que "fez algumas acusações contra pessoas há algum tempo".
- Controle de armas -
O ataque voltou a evidenciar o eterno debate sobre o controle de armas nos Estados Unidos.
"Me destrói o coração que aconteça algo como isso", lamentou o presidente Barack Obama à WPVI, estação local da rede ABC na Filadélfia.
"O que sabemos é que o número daqueles que morrem em incidentes relacionados com armas de fogo é muito maior do que o de vítimas do terrorismo", lembrou.
A Casa Branca pediu novamente que o Congresso legisle sobre a venda e o uso de armas de fogo.
A candidata democrata à presidência Hillary Clinton disse estar "revoltada". "Devemos atuar para conter a violência com armas de fogo, não podemos esperar mais", escreveu no Twitter.

Nenhum comentário:

Postar um comentário