quarta-feira, 10 de junho de 2015

19ª parada LGBT em São Paulo faz contraponto ao conservadorismo

A eleição da bancada de deputados federais mais conservadora desde a redemocratização tem assustado a muitos. Parlamentares associados à violência de Estado subiram aos montes até o Congresso. A esperança das lutas de junho de 2013, quando milhares foram às ruas exigir direito à cidade, direito à educação, à saúde, à moradia, enfim, o direito de exercer uma vida compatível com as nossas identidades e personalidades, foi substituída por um enorme contingente de pessoas clamando por intervenção militar, contra a esquerda, contra os direitos, contra a democracia. A virada foi muito rápida, como se, do dia para a noite, o Brasil endireitasse. A eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara foi mais um balde de água fria, e até parecia ser coerente com os brasileiros, que nas ruas, trajados com a insígnia da CBF, se indignaram seletivamente contra a corrupção. Estatuto da Família, do Desarmamento, redução da maioridade penal, fim da demarcação das terras indígenas, constitucionalização do financiamento privado de campanhas eleitorais, ajuste fiscal na conta dos pobres... Que contraste com o que vem acontecendo no Uruguai.

Ocorre, entretanto, que as conquistas democráticas adquiridas pelo povo brasileiro foram resultado de anos de lutas. Conquistas históricas não se perdem do dia para a noite. Não veríamos o conservadorismo varrer o que de bom foi construído sem respostas. Frentes de luta foram construídas para enfrentar o ajuste fiscal e a terceirização. No último dia 29, estradas foram paradas, categorias cruzaram os braços, órgãos públicos foram ocupados para que todo o país soubesse que não se aceitará retirada de direitos. Queremos mais direitos, não menos.

A vida social, já é sabido, não se faz somente de reivindicações econômicas. As pessoas querem ser livres para exercerem em plenitude as suas identidades. O direito de ser quem são. Se no dia 15 de março a Paulista foi ocupada por vozes conservadoras, ou influenciadas pelo conservadorismo e pela mídia, no último domingo, a Paulista foi palco da liberdade pintada pelas cores do arco-íris. A PM não disse que um milhão acompanharam a Parada do Orgulho LGBT, mas a avenida estava tão cheia quanto no dia 15 de março. Logo, também tinham um milhão de pessoas gritando contra a ofensiva homofóbica, o fundamentalismo e contra a angústia social que não tolera a liberdade sexual de cada um.

Os defensores da democracia estão bem vivos. Não querem retrocessos, nem aceitam que Cunhas, Malafaias, Levys, Geraldos, ou quem quer seja, atentem contra a liberdade à duras penas construída por brasileiras e brasileiros. No último domingo, as milhares de pessoas na Paulista avisaram que não será fácil para o conservadorismo passar.

Mandato Ivan Valente PSOL/SP

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