Depois de três dias, a greve nacional dos caminhoneiros deflagrada em sete estados já começa a se refletir no abastecimento, com os postos de combustíveis sendo os primeiros afetados. Sem reposições no estoque, alguns estabelecimentos da região de Apucarana já estão sem gasolina e etanol, sobretudo em Arapongas, onde praticamente metade dos postos estavam sem combustível ontem. Em Ivaiporã, também houve corrida de consumidores aos estabelecimentos e vários postos já tinham vendido todos os estoques.
Na região, o movimento dos caminhoneiros mantém, bloqueios em sete pontos (ver grafo). Na tarde de ontem, cerca de 400 caminhões estavam parados em Apucarana às margens da rodovia BR-376 em um trecho de quase oito quilômetros de extensão. Em Arapongas, a concentração está sendo feita na praça de pedágio. Nos bloqueios, os manifestantes liberam a passagem de carros e ônibus e apenas caminhões com cargas vivas.
De acordo com José Lopes, gerente de um posto de combustível de Arapongas, a greve dos caminhoneiros foi agravada por conta da ‘correria’ dos consumidores. “Teríamos estoque para mais de três dias, mas com vários postos de combustível já sem estoque, os consumidores procuram os que ainda tem, gerando mais consumo. Por isso, acreditamos que amanhã o combustível vai acabar aqui”, diz. Já em Apucarana, o gerente Robson Vitorino afirma que os estabelecimentos que não fizeram um bom estoque devem ficar sem combustível entre hoje e amanhã.
“Os postos foram pegos de surpresa. Muitos tinham recebimento de carga agendada para hoje [ontem] e não receberam. A situação pode ficar bastante complicada nos próximos dias”. Isaías dos Santos Silva, gerente de outro estabelecimento, diz que o posto em que trabalha deve ter um estoque para mais três ou quatro dias. “Muitos motoristas já se anteciparam, prevendo um possível desabastecimento. Por isso, o movimento já aumentou bastante e deve crescer ainda mais.
Com a alta da gasolina, o etanol é o combustível mais buscado, com cerca de 30% a mais de procura em relação à gasolina”. Enquanto isso, os caminhoneiros mantêm a greve, iniciada em Apucarana na tarde de sábado (21). Um dos organizadores do movimento, André Gustavo Pereira, afirma que a paralisação só terminará após uma resposta do governo. “Não temos data ou prazo para encerrar a greve. Vai depender do Governo Federal nos dar uma resposta.
Com o diesel e o pedágio caros desse jeito, não há como sobreviver. Para se ter uma ideia, fazer um frete hoje daqui para Paranaguá, o caminhoneiro sai com um prejuízo de quase R$ 500, dependendo de conseguir um frete no caminho de volta para ter dinheiro e poder pagar as contas”, diz “Um caminhão não faz dois quilômetros com um litro de óleo diesel, que está custando quase R$ 3, quase o preço da gasolina. Assim é impossível trabalhar.
Não consigo levar nem R$ 1,5 mil por mês para casa, fora a manutenção do caminhão, que é muito cara. Desse jeito não tem como trabalhar”, explica José Carlos de Souza, caminhoneiro há 30 anos. O comando de greve está recebendo auxílio de empresários e instituições locais, que estão fornecendo comida, água, banheiro e local para tomar banho. Além disso, o comando da greve dos professores foi contatado e, segundo os caminhoneiros, pode haver um acordo de união entre os dois movimentos.
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