Um ano e meio depois de terem sido atingidos por um ataque em uma área controlada pela oposição em Damasco, os irmãos podem se tornar vítimas novamente, já que os US$ 3,4 bilhões de euros em ajuda prometidos pela União Europeia estão retidos por brigas políticas.
Gheis precisa esperar seis meses por uma reconstrução facial e precisa de dedos protéticos que existem na Europa, mas não na Turquia. Até lá, ele e sua irmã ficam dentro de casa, sem poder sair para o lado de fora, onde as pessoas riem e ficam encarando seus rostos desfigurados.
“Eu só quero meu rosto de volta”, diz Gheis, sentado perto de sua irmã e de sua mãe em um pequeno apartamento no subúrbio de Ancara que eles dividem com outras famílias sírias.
Menos dinheiro do que o esperado
Em troca de bilhões em dinheiro para os refugiados sírios, liberação de visto e facilidades no acesso à União Europeia, a Turquia concordou em cooperar para o fim das travessias de migrantes do mar Egeu para a Grécia e em receber de volta aqueles que não se qualificam para o asilo.
Em troca de bilhões em dinheiro para os refugiados sírios, liberação de visto e facilidades no acesso à União Europeia, a Turquia concordou em cooperar para o fim das travessias de migrantes do mar Egeu para a Grécia e em receber de volta aqueles que não se qualificam para o asilo.
Apesar disso, meses depois que o acordo foi assinado, a União Europeia afirma que apenas 182 milhões de euros foram desembolsados até o fim de agosto.
Questionado sobre por que tão pouco dinheiro foi enviado, uma autoridade da União Europeia culpou o fato de se tratar de um programa em larga escala, no qual é preciso se assegurar que as ONGs escolhidas para receber o auxílio estejam aptas à tarefa.
Mas a tentativa de golpe na Turquia no mês passado também piorou a tensão entre Ancara e Bruxelas. Autoridades turcas estão bravas por perceberem uma falta de simpatia das autoridades ocidentais, e no mês passado o presidente Tayyip Erdogan questionou o comprometimento da UE com as promessas feitas no pacto migratório.
Um diretor de uma ONG turca que não quis ser identificado afirmou que as desavenças entre a Turquia e a UE são parte da culpa pela demora nos pagamentos.
“A percepção do governo é que a UE está usando esse dinheiro como uma ferramenta política, em vez de querer que ele vá para os refugiados”, acrescentou.
A Turquia afirma que abriga agora 2,72 milhões de refugiados sírios, mais dezenas de milhares de solicitantes de asilo, incluindo iraquianos e afegãos que fogem da violência em seus países.
Cirurgias
Longe das tensões diplomáticas e da burocracia, Gheis e sua irmã Limar olham para a foto deu seu irmão Muhammed, que morreu após agonizar 10 dias no hospital depois do ataque com o míssil.
Fotos que mostram as crianças construindo um boneco de neve em tempos mais felizes contrastam com a vida deles desde a explosão. Nos três meses que Limar e Gheis passaram nos hospital, eles foram submetidos a quatro cirurgias cada um, mas ainda estão irreconhecíveis. Gheis não tem dedos e Limar não consegue respirar direito.
Kerem Kinik, presidente do Crescente Vemelho turco, disse à Reuters que espera que os fundos da União Europeia permitam que crianças como os dois irmãos possam ir a escolas especiais e receber tratamento mais rapidamente.
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