segunda-feira, 28 de março de 2016

Dilma terá semana cercada de atos que podem determinar fim do mandato

Arte/QuinhoUma semana para quem tem nervos de aço em um dos capítulos decisivos da crise política que o país atravessa e, em especial, para presidente Dilma Rousseff (PT). O desembarque do governo do PMDB, partido com maior número de deputados na Câmara, marcado para esta terça-feira (29), um novo pedido de impeachment da presidente que será apresentado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além do pedido de reabertura das investigações sobre o  mensalão para incluir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prometem tirar o fôlego do governo. O caldo da política engrossa ainda mais porque manifestações populares contra e pró-governo estão marcadas para esta semana.

A temperatura esquenta já a partir desta segunda-feira com a apresentação de novo pedido de impeachment contra a petista, encabeçado pela OAB,  que quer incluir a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), preso na Operação Lava-Jato, que diz que a campanha de reeleição de Dilma e Michel Temer foi irrigada com dinheiro desviado da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O que tiraria também o peemedebista da linha de sucessão de Dilma Rousseff, em caso de impedimento.

O pedido, que será entregue ao Congresso, inclui ainda a suspeita de que a petista tenha tentado obstruir a Justiça ao nomear Lula ministro da Casa Civil, numa tentativa de evitar sua prisão pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que preside as ações da Lava-Jato. Dilma já enfrenta um pedido de impeachment que, neste caso, apura apenas a responsabilidade dela nas pedaladas fiscais – operação financeira para maquiar o resultado das contas públicas, que teria ocorrido por meio do sistema de distribuição de benefícios sociais do governo.

E não fica apenas nisso. Nesta segunda-feira também, a oposição pretende dar mais uma estocada no já combalido governo Dilma, desta vez, tendo como alvo Lula. Ele aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu liminarmente sua nomeação para a Casa Civil. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que foi ministro do Desenvolvimento Agrário do governo Fernando Henrique Cardoso, disse que entrega nesta segunda-feira ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, um requerimento para pedir a reabertura da ação do mensalão – pagamento de propina à base parlamentar do governo para aprovação de emendas de seu interesse – para incluir o petista entre os responsáveis.

Mais uma vez, a base do pedido é a delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que saiu atirando para todo lado, depois de ter sido preso e abandonado pelo PT. Ele afirmou à força-tarefa da Lava-Jato que o operador do mensalão, empresário Marcos Valério, tinha acesso direto ao ex-presidente e até o visitava na Granja do Torto, em fins de semana durante todo seu governo. Lula sempre negou conhecer o esquema e disse ter sido “traído” por seus companheiros de partido. José Dirceu, ex-ministro de Lula, foi condenado como mentor do escândalo e está preso como suspeito de envolvimento também nos desvios do mensalão.

REAÇÃO A entrega do segundo pedido contra Dilma pela OAB, no entanto, vai enfrentar reação dentro da própria autarquia. Nesta segunda-feira, ao meio-dia, está marcado um ato de advogados contra a decisão da OAB de representar contra a petista. Mais tarde, às 14h, no anexo II da Câmara dos Deputados será lançado também o “Comitê em Defesa da Democracia. Com uma agenda cheia, os defensores do governo marcaram para as 16h a reunião de juristas também no Congresso para um “ato pela legalidade”, como ocorreu na semana passada no Palácio do Planalto, com a presença de Dilma.

Na quinta-feira, o PT se mobiliza para grandes manifestações  previstas para todo o país. A defesa do governo só se encerra no sábado, com a viagem de Lula a Fortaleza para buscar apoio contra o impeachment. Os movimentos de oposição ao governo – Vem pra Rua, Patriotas, Movimento contra a corrupção, entre outros –, ainda não divulgaram suas agendas. Certo é que também não desocuparam as ruas como fizeram durante toda a semana. Em Belo Horizonte, o sábado de aleluia teve a queima de uma serpente representando o presidente Lula e apenas o domingo foi de folga.

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