quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

'Star Wars': trio principal não foi luta por representatividade, diz produtor

Da esquerda para a direita, John Boyega, Daisy Ridley e Oscar Isaac participam do painel de 'Star Wars: O Despertar da Força' na San Diego Comic-Con 2015 (Foto: Richard Shotwell/Invision/AP)Quando foi revelado, o trio de protagonistas de "Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força" foi elogiado por colocar uma mulher, um negro e um latino no centro das atenções da nova trilogia espacial. Mas segundo Bryan Burk, produtor do filme, a escolha dos atores para Rey, Finn e Poe Dameron não foi uma luta consciente por representatividade. "Vamos só criar ótimos personagens, e é por acaso que eles são quem são". 
"Não entendo porque isso é uma discussão. Quando começamos a fazer o filme, ou qualquer coisa que produzimos, primeiro pensamos em quem é um personagem interessante, como devemos iniciar essa história, onde ela começa?", diz Burk .
"Nesse caso, começamos pensando em uma mulher e um homem. E calhou de um dos personagens ser mulher e o outro ser negro. Poe [Dameron] é latino, o Oscar Isaac. Não foi uma decisão consciente. Do tipo, precisamos ter uma personagem mulher, um negro".
Burk fundou a produtora Bad Robot ao lado de JJ Abrams, diretor de "O Despertar da Força", e esteve no Brasil em dezembro para promover o filme na feira Comic Con Experience.
Ele também diz que "assistir aos primeiros 'Star Wars' foi uma das razões que nos motivou a fazer filmes em primeiro lugar" e que "O Despertar da Força" é "o filme que gostaríamos de ver se não estivéssemos fazendo ele".Burk falou ainda de personagens que aparecem pouco nos outros filmes "Star Wars", mas que são muito queridos pelos fãs. E que essa tradição deve se repetir na nova produção: "Existem vários personagens nesse filme que, nós torcemos, você vá querer saber mais sobre eles, da onde eles vieram. (...) Existem muitas coisas que podem ser expandidas nos filmes de 'Star Wars'".
A estreia de "Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força" no Brasil está logo ali, nesta quinta-feira (17). Enquanto isso, leia abaixo a entrevista completa de Bryan Burk :
Estamos tão próximos da estreia. Como você está se sentindo?
Bryan Burk - Estou empolgado! Foi um processo bem longo. E nós literalmente terminamos o filme há uma semana. Então estamos muito ansiosos para o mundo assistir ao filme.
JJ Abrams e a Bad Robot tiveram o privilégio de produzir a nova geração dos filmes de 'Star Trek' e 'Star Wars'. O que vocês aprenderam com 'Star Trek' e puderam usar em Star Wars?
Bryan - Todos os nossos filmes nos ajudam no próximo. Sempre é uma nova experiência. Além disso, muitos dos membros da nossa equipe, chefes de departamento, foram os mesmos em "Star Trek" e "Star Wars". Então temos uma comunicação ótima e muito rápida com todos e pudemos conversar sobre o que queríamos e como evoluir sobre o que já fizemos.
Harrison Ford em cena do sétimo episódio de 'Star Wars' (Foto: Divulgação/Disney)
São dois universos completamente diferentes, obviamente. A única coisa em comum é a palavra "Star". Mas nós somos fãs de "Star Wars" há muito tempo. E crescemos amando esses filmes. Posso dizer que assistir aos primeiros "Star Wars" foi uma das razões que nos motivou a fazer filmes em primeiro lugar.
 Como você enxerga a reação dos fãs a essa situação? Como você bem disse, os universos de 'Star Trek' e 'Star Wars' são bem diferentes. Os fãs reagiram de alguma forma que preocupou vocês?
Bryan - É estranho porque, como eu disse, nós somos fãs. E fizemos o filme que gostaríamos de ver se não estivéssemos fazendo ele. A reação tem sido incrível, no mínimo. E as pessoas estão reagindo, felizmente, da maneira que esperávamos. Que é reagir aos personagens novos, a esse mundo familiar, e a todas as coisas que não vimos em 30 anos. E é isso que nos animou. A possibilidade de voltar para esse mundo.
 A Bad Robot lançou várias séries, como 'Alias' e 'Lost'. E elas foram bem importantes nessa retomada criativa da televisão nos últimos anos. Na sua opinião, o que o cinema pode aprender desses programas?
Bryan - Fazer filmes ou programas de TV é parecido. As origens são as mesmas, que é como trabalhar com esses personagens que nós amamos, nos importamos e estamos interessados. Existem situações que parecem impossíveis, e frequentemente são mesmo, e daí nos perguntamos como eles têm sucesso e superam seus desafios?
Kylo Ren é a nova ameaça sith de 'Star Wars: Episódio VII'. Ele é subordinado do supremo líder Snoke, que ainda não foi mostrado em imagens (Foto: Reprodução/YouTube/Star Wars)Kylo Ren (Adam Driver) é o grande vilão de 'O Despertar da Força' (Foto: Reprodução/YouTube/Star Wars)
Em "Star Wars" tivemos sorte porque vários desses ótimos personagens já existiam, e pudemos brincar no mundo deles e simultaneamente criar novos personagens, e embarcar com eles em uma jornada pelo universo.
- Dois dos novos protagonistas são uma mulher e um homem negro. Quão forte foi esse impulso político de ser mais representativo e igual? Você acredita que 'Star Wars' pode ser um exemplo para Hollywood ser mais inclusiva?
Bryan - Acredito que é o oposto. Não entendo porque isso é uma discussão. Quando começamos a fazer o filme, ou qualquer coisa que produzimos, primeiro pensamos em quem é um personagem interessante, como devemos iniciar essa história, onde ela começa?
Nesse caso, começamos pensando em uma mulher e um homem. E calhou de um dos personagens ser mulher e o outro ser negro. Poe [Dameron] é latino. O Oscar Isaac. Não é uma decisão consciente. Do tipo, precisamos ter uma personagem mulher, um negro. Vamos só criar ótimos personagens, e é por acaso que eles são quem são.
 - Demorou seis anos para cada uma das outras duas trilogias ser lançada. E agora vai levar quatro anos, com 'spinoffs' programados para quando não houver os filmes principais. Você acredita que isso é um reflexo do tempo que vivemos? Temos a memória curta? E por isso precisamos ter filmes a todo o tempo para não nos distrairmos por outras franquias.
Mão robótica não deixa dúvidas: esse encapuzado é Luke Skywalker. Mas é só isso que conseguimos ver dele por enquanto no novo 'Star Wars' (Foto: Reprodução/YouTube/Star Wars)Até agora, única sugestão a Luke Skywalker acontece nesta cena dos trailers de 'O Despertar da Força' (Foto: Reprodução/YouTube/Star Wars)

Bryan - Não sou responsável pela tomada de decisão do cronograma de lançamento dos filmes. O que eu posso te dizer é que, quando criança, esperar entre "O Império Contra-ataca" e "O Retorno de Jedi" foi o ano mais longo da minha vida. Então a ideia de não precisar esperar tanto entre os filmes, para mim, é um sonho.
- Vivemos em uma sociedade onde tudo é compartilhável e pode virar meme na internet. Vocês pensaram nisso ao fazer 'O Despertar da Força'? Os produtores e diretores têm uma margem menor para errar, uma cobrança para sempre criar ótimos personagens, que serão lembrados na internet?
Bryan - É uma boa pergunta. Não acho que quando fazemos filmes estamos conscientes de seus aspectos de redes sociais, de que as pessoas irão compartilhá-lo. Porém, estamos tentando fazer o melhor filme que pudermos, sem comprometê-lo, e trabalhando nele até ficar tão bom quanto ele pode ficar.
O que eu sei é que, enquanto você está trabalhando, existem vários momentos em que eu penso que quando esse filme for lançado, essa cena será obliterada nas redes sociais ou no YouTube. Porque as pessoas poderão pegá-la e transformá-la no que elas quiserem. Isso foi provado quando o trailer saiu e de repente existiam 8 milhões de versões diferentes dele. Então fico ansioso para ver o que os fãs farão.
- Alguns dos personagens mais adorados de 'Star Wars' tiveram tão pouco tempo de tela, como Boba Fett e Darth Maul. Vocês pensaram nisso ao criar esse novo filme? É melhor queimar do que se apagar aos poucos?
Cena de 'Star Wars: Episódio VII – O despertar da força' (Foto: Divulgação)Cena de 'Star Wars: Episódio VII – O despertar da força' (Foto: Divulgação)

Bryan - Uma das coisas que eu mais amo em "Star Wars", especialmente quando criança, são as pistas para várias outras coisas. Quando você conhece Han Solo, e o Greedo aparece dizendo que ele deve dinheiro para Jabba the Hutt, você não vê Jabba the Hutt. Quem é Jabba the Hutt? É essa ideia de que existe uma galáxia muito maior lá fora. É ver apenas indicações de Boba Fett, ou Darth Maul.
E existem vários personagens nesse filme que, nós torcemos, você vá querer saber mais sobre eles, da onde eles vieram. Mas isso tudo é parte do que George Lucas fez tão brilhantemente nos filmes originais. Que ele foi capaz de flertar com todas as possibilidades. E como você viu, e como você verá nos próximos anos, existem muitas coisas que podem ser expandidas nos filmes de "Star Wars".
- Como você acha que 'O Despertar da Força' será lembrado daqui a 5, 10 anos?
Bryan - É o filme que nos propusemos a fazer e não poderíamos estar mais felizes com o que saiu. E eu genuinamente acredito que as pessoas vão amar esse filme.


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