quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Filho de pedreiro e catadora homenageia seus pais durante colação de grau em direito

Rapaz se assustou com a repercussão nas redes sociais: "Quis apenas mostrar que a profissão deles também é digna e que todos podem conseguir superar as dificuldades", disse ele



O estudante de direito Ismael do Nascimento Silva, de 25 anos, emocionou quem estava em sua colação de grau. Na hora de receber o diploma, o jovem trouxe um banner destacando sua origem humilde e o orgulho que sente dos pais: seu pai é pedreiro e sua mãe catadora de castanhas.

A imagem de Ismael segurando a faixa com os dizeres "O filho do pedreiro com a catadora de castanhas também venceu #MeusPaisMeusHeróis" ganhou popularidade nas redes sociais. De acordo com o Uol, o rapaz se assustou com a repercussão, pois queria apenas mostrar "que a profissão deles também é digna e que todos podem conseguir superar as dificuldades".
Primeiro da família a concluir o ensino superior, o agora advogado explica que seus pais ofereceram oportunidades para que ele chegasse até lá. "Apesar de não terem condições, me deram assistência financeira para me manter no curso. Os dois entraram na colação de grau comigo porque são meus maiores exemplos de humildade, honestidade, dedicação e amor. Eles estão muito orgulhosos e eu também porque passei no exame da OAB quando estava no 9º período", completou Ismael, que recebeu a carteira da ordem no dia 11 de agosto.
Atualmente, depois de estagiar por sete meses na Procuradoria Geral de Teresina, Ismael está trabalhando como assessor direto do procurador-geral do município, em um cargo comissionado. Apesar disso, o jovem advogado também foi convidado a fazer parte do escritório de colegas da turma.

Trajetória

Estudante de uma escola particular em Teresina, capital do Piauí, através de uma bolsa do Prouni (Programa Universidade para Todos), do Ministério da Educação, o jovem trabalhava como instrutor de badminton para poder pagar o transporte, livros e outros materiais.
"Tinha dias em que eu não tinha sequer o dinheiro da passagem de ônibus. Como eu saía cedo da manhã para estudar na biblioteca, já ficava para as aulas do curso à tarde. Ficava sem me alimentar até chegar em casa à noite. No segundo ano, a dona da cantina soube da minha história e eu passei a almoçar de graça. Além da minha força de vontade, sempre tive pessoas que me ajudaram, como meus pais, os colegas da turma, professores e anjos que iam surgindo a cada vez que aparecia algum obstáculo", disse ele.
Com um notebook ganho em um concurso, o estudante fazia resumo de todas as aulas e disponibilizava para os colegas, mas apos ser roubado, precisou fazer a mão. "Os colegas se mobilizaram, se juntaram e me deram um outro notebook", diz Silva.

Infância

Para Ismael, a batalha não começou apenas na universidade. "Minha vida não foi fácil. Aos 10 anos comecei a trabalhar para ajudar a minha mãe, pois meus pais são separados. Vendi 'sacolé', espetinho de carne, milho cozido. As dificuldades financeiras me incentivaram a estudar. Estou na metade do meu projeto de vida ainda, com essa formatura, mas ainda quero passar num concurso público para ter estabilidade e organizar a vida financeira da minha família", disse ele em entrevista ao Uol. "Apesar da minha dificuldade financeira, eu nunca me fiz de oportunista para conseguir as coisas. As pessoas observam minha determinação e ajudam. Tenho muita gratidão por tudo. Para mim não tem tempo ruim, sou movido a sonhos e a determinação", completou.

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